Como os pais podem trazer a escola para dentro de casa na quarentena?

Famílias devem orientar as crianças e adolescentes sobre a pandemia e propor atividades de acordo com a faixa etária; também é importante manter e acompanhar a rotina de estudo

Com o isolamento social exigido pela pandemia no novo coronavírus, mesmo conscientes da importância dessa atitude para o combate à doença, as famílias se deparam com uma situação completamente nova e desafiadora: como coexistir e conviver durante várias semanas e em tempo integral no espaço limitado das suas casas?

“Como estamos acostumados a uma vida extremamente dinâmica, atribulada e cronometrada, é natural que algumas dificuldades apareçam, principalmente em relação aos filhos que precisam de lazer, atividades motoras e ainda manter suas rotinas de estudo nesse período”, diz Luiz Antonio Gerardi Junior, professor de biologia e coordenador dos projetos socioambientais (SOS Mater) do Colégio Mater Amabilis.

Segundo ele, para trazer a escola para dentro de casa, o primeiro passo é orientar as crianças e os adolescentes sobre a doença, utilizando linguagem adequada para cada faixa etária. “É importante que eles entendam a realidade e a gravidade da situação, sem pânico, mas sim de uma forma criativa e, porque não, científica”.

Ele sugere que o momento pode ser interessante para pais e filhos realizarem juntos algumas pesquisas. Por exemplo, sobre o que são os vírus, como infectam as pessoas e os principais tipos de doenças que podem causar. Depois, mais especificamente, pesquisar sobre a Covid-19, como ela é transmitida, porque os idosos são mais vulneráveis e as medidas de prevenção.

Para as crianças menores, esses pontos podem ser abordados de forma mais lúdica, utilizando objetos que representam o vírus e as células, inclusive, por meio de contação de história. Em seguida, podem ser propostas algumas atividades sobre o assunto, como desenhos e vídeos que podem ser compartilhados pela família.

Após entenderam o contexto e com o auxílio dos pais, outra sugestão é que as crianças produzam vídeos direcionados aos avós. “Elas se sentem valorizadas com o protagonismo e podem explicar sobre a necessidade de se manterem afastados e de como é importante que os avós se cuidem. Tudo isso as ajudará a compreender melhor esse isolamento e o motivo dessas privações”.

Outra medida fundamental é estabelecer uma rotina de estudos para as crianças e adolescentes e acompanhar se as aulas e atividades online enviadas pela escola estão sendo cumpridas.

De acordo com o coordenador, é preciso ter em mente que as casas não oferecem os mesmos estímulos, estruturas e recursos que a escola, portanto, os pais devem estabelecer um local apropriado para os filhos estudarem, sem interferências externas. “Também é muito bem-vindo um planejamento diário que intercale tempo de estudo com outras atividades, como jogos, brincadeiras, atividades físicas e ajuda na cozinha e na limpeza da casa.”

Para Gerardi, um aspecto relevante é a família ter em mente que essa situação não será permanente. “Com certeza, esses momentos nos deixarão lições muito marcantes. Se direcionarmos nossos olhares para as coisas boas e aproveitarmos essa grande oportunidade de estarmos ao lado daqueles que mais amamos, certamente, sairemos melhores e mais fortalecidos dessa experiência. E, quem sabe, valorizando muito mais nossas vidas e se importando muito mais com a vida do outro.”

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